A Revolução Facebook
É fascinante o papel que as redes sociais tem vindo a ter nas revoluções do mundo árabe. Embora os meios de comunicação de massa como a televisão, os jornais e a rádio, tenham sido importantes para as revoluções nos países do Médio Oriente, foram as novas tecnologías os verdadeiras responsáveis pela chamada “Primavera Árabe". A Internet (blogs e redes sociais) desempenharam claramente um papel importante na queda dos governos tiranos do Egipto, Líbia e Tunísia.
Nos últimos anos o mundo árabe tem assistido a um crescimento da sua blogosfera, facto que ajudou de forma importantíssima as recentes transformações sociais. É aqui, na internet, que os jovens frustrados com as limitações impostas pelos governos absolutistas, podem de alguma forma ter liberdade de expressão e de pensamento. A internet além de um espaço onde cada um pode expor a sua opinião e participar num debate público, tornou-se um meio muito mais democrático que os canais de massa, como a televisão ou jornais, muitas vezes controlados pelo estado.
Tudo começou com o sacrifício de Mohammed Bouazizi, um homem descontente e desesperado que não só ateou fogo ao próprio corpo, mas a todo o mundo árabe.
A revolta propagou-se a uma velocidade extraordinária na internet por parte dos activistas que conseguiram o "acordar" do povo.
Os blogs e as redes sociais têm vindo a mostrar-se actualmente um meio de comunicação cada vez mais eficiente, talvez por isso os lideres tenham tentado ao máximo limitar o uso da tecnologia pelos seus governados, bloqueando sites, eliminando blogs onde são expostas ideias contra os interesses do governo, ou até mesmo o bloqueio dos serviços de internet em todo o país.
Ainda que se tenham detido e preso alguns activistas cibernáuticos, não foi suficiente para estagnar os movimentos liberais. O acesso facilitado a telemóveis com câmera capazes de registar actos de violação dos direitos humanos, tornaram fácil a publicação online de vídeos e imagens, que facilmente se propagam e dificilmente se eliminam.
O Facebook, Twitter e blogs têm sido importantíssimos no divulgar da opinião pública, na mobilização da população e na organização de movimentos contra os sistema absolutistas, injustos e ineficientes. Consciente do poder das novas tecnologias, o governo egípcio por exemplo limitou o sistema de telefones no país no início dos movimentos liberais e desligou todo o serviço de internet durante 12 dias. Outro exemplo foi o serviço da Vodafone, a operadora telefónica móvel com 26 milhões de clientes no país, que enviou mensagens de texto favoráveis ao governo durante a crise actual. No entanto a empresa pediu desculpa pelo sucedido e afirmou não ter sido a responsável pelo envio das mensagens, visto que conforme os regulamentos do país, esta é obrigada a fornecer o direito ao governo de enviar SMS´s para os utilizadores em caso de emergência.
Com a queda de Hosni Mubarak, o principal activista e também gerente de marketing da google no Egipto Wael Ghonim, deu uma entrevista ao canal de televisão Americano CNN onde expressa o seu agradecimento a Mark Zuckenberg, fundador da rede social Facebook, que segundo ele foi fundamental para a revolução.
“Eu gostava um dia poder conhecer Mark Zuckerberg e agradecer-lhe. Eu falo em nome do Egipto (…) Esta revolução começou online, esta revolução começou no Facebook em Junho de 2010, quando milhares de egípcios começaram a colocar as suas opiniões e conteúdos na internet. Nós colocávamos um vídeo no Facebook, e passado algumas horas ele era partilhado por 60 mil pessoas. Eu sempre disse: "Se quiseres libertar uma sociedade, dá-lhes a Internet (…)”
Dados da rede social Facebook no Egipto:
- População – 80 Milhões (país árabe mais populoso);
- Utilizadores de internet – 17 Milhões (20% da população);
- Utilizadores de Facebook – 5,2 Milhões (6,46% da população);
- 50% dos perfis no país pertencem a jovens entre 18 e 24 anos;
Dados da rede social Twitter:
O tweet mais partilhado em 2011 a nível mundial foi: "Welcome back Egypt #Jan25" enviado pelo principal activista do país, Wael Ghonim.
Top #Hashtags de 2011 a nível mundial:
PALAVRAS
1. #egypt
2. #tigerblood
3. #threewordstoliveby
4. #idontunderstandwhy
5. #japan
NOTÍCIAS MUNDIAIS
1. Mubarak renuncia
2. Ataque contra Osama Bin Laden
3. Terramoto no Japão e o desastre nuclear de Fukushima
4. Gabrielle Giffords é baleada
5. Morte de Khadafi
CIDADES E PAÍSES
1. Cairo
2. Egipto
3. Japão
4. Líbia
5. Tóquio
1. Queda drástica da actividade na internet no Egipto no dia 27 de Janeiro de
2011 quando o governo bloqueou o sistema.
Deixo aqui um link para os mais curiosos:
Especial do canal de televisão Al Jazeera sobre a importância que as redes sociais tiveram na revolução do Egipto: http://www.youtube.com/watch?v=441HJTSUpXw
Aluno: João Cajuda
Nº: 20110111